Verdadeiras obras
primas, que depois se transformarão em sonhos de consumo!
Antes
de uma roupa ficar pronta, lá na prateleira da loja, a gente sabe que o
percurso é longo. Primeiro vem a ideia, depois é hora de passar para o papel.
Simples? Nem um pouco. Além de ser necessário ter talento para o desenho, é
fundamental ter noções de modelagem. As ideias podem ser incríveis, mas sem o
domínio das técnicas, nenhum modelista será capaz de traduzir a imagem para o
produto em si.
O fato é que essas ilustrações e desenhos de moda acabam
muitas vezes se tornando verdadeiras obras de arte! Lendo o artigo escrito
pela professora do SENAC, Carla Stephania de Góis Duarte, intitulado A Ilustração de moda e o Desenho de moda,
tivemos ideias bem legais a respeito do tema e vamos dividir o conhecimento
aqui com vocês! O principal objetivo da pesquisadora foi discutir e diferenciar
as duas ramificações do desenho no universo da moda: a ilustração de moda e o
desenho de moda.
Ilustração: do registro à subjetividade
exponenciada
Podemos, inicialmente, destacar a
importância da ilustração como registro da memória, ao retratar os trajes
típicos de épocas passadas. Principalmente quando não havia a fotografia, essas
ilustrações captavam detalhes da indumentária que nos ajudam a entender o
comportamento e as preferências de civilizações antigas. Na época das grandes navegações,
os viajantes retratavam tudo isso e enviavam a seus países de origem.
As ilustrações, fonte de pesquisa histórica |
A invenção da imprensa, no século
XVI, foi um ponto muito importante, pois proporcionou o surgimento dos
primeiros livros de costumes impressos e também porque tornou-se muito mais simples
o intercâmbio entre regiões: os livros foram barateados, possibilitando um
acesso mais fácil.
O artista responsável pela
ilustração deveria também descrever os trajes. Apresentando as diversas
maneiras de uso e explicitando suas diferenças, exerciam mesmo uma função didática, explicativa. Foi no
século XVII, com o desenvolvimento de um “jornalismo de moda” ainda incipiente
e dos almanaques que esse didatismo dos impressos tornou-se ainda mais forte.
No século seguinte já aparecem,
nas revistas, ilustrações de moda coloridas. Exemplo que podemos citar é a Le cabinet des modes ou Les modes nouvelles, revista francesa
com uma tiragem quinzenal, que continha catálogos de moda coloridos à mão. Além
de roupas, tudo mais que compunha o visual: acessórios, perucas, chapéus, jóias
e também artigos de decoração para a casa.
As ilustrações da Le cabinet des modes |
Com a invenção da fotografia, no século XIX as ilustrações passam a ter
menos valor. A fotografia tornou-se a ferramenta capaz de captar todos os
detalhes com exatidão, através de menos esforço. É aí que percebemos um ponto
importante: a ilustração toma para si
uma função muito mais artística. Permite a ampliação dos significados
subjetivos, deixando transparecer a própria personalidade de seu criador.
Assim, encontramos esse tipo de técnica muitas vezes em editoriais e
representações mais soltas e artísticas de moda.
Desenho de moda: o caminho entre a
imaginação e a materialização do produto
Sabe quem pode ser considerada a
primeira desenhista de moda? Ninguém menos do que Rose Bertin, famosa por vestir a Rainha Maria Antonieta, durante o
período de auge do Rococó. Enquanto o ilustrador de moda desenhava as roupas
que já existiam e as mostrava em livros de costumes, o desenhista de moda desenvolvia
criações e vestia seus clientes.
Além de vestir Maria Antonieta,
Mme. Bertin fazia miniaturas de suas criações para vestir bonecas. Ação de marketing, pessoal! Com as bonecas, cada detalhe dos figurinos
era representado fielmente, e elas se tornavam objetos de divulgação, que
poderiam ser levados para longe, difundindo a moda francesa por toda a Europa. (É
muito raro encontrar registros dessas bonecas, que acabaram perdendo-se entre
tantas viagens).
As criações de Mme. Bertin |
Outro grande expoente desse
processo foi Charles Frederick Worth. Já falamos sobre ele no post sobre avisita à Casa da Hera, que possui em seu acervo peças
desse famoso criador. Worth mostrava em aquarela os croquis de seus modelos
para as clientes, confeccionava a roupa e em seguida vestia o modelo,
apresentado anteriormente por meio de desenho, em manequins que se apresentam
ao vivo. Paul Poiret também teve grande destaque no segmento, ao propor o novo
desenho da silhueta feminina no início do século XX, livre da opressão dos
espartilhos.
As criações de Frederick Worth... |
... e de Paul Poiret |
O desenho de moda foi, ao longo
do século XX e até hoje, se desenvolvendo e tendo como intenção primordial a
execução daquele trabalho. Elaborados pelos estilistas, trazem detalhes e
informações fundamentais para esclarecer volumes, materiais, corte. E esse caráter se aprofunda ainda mais quando
falamos da ficha técnica, que deve
trazer todos os detalhes, desde o material a ser usado até as particularidades
de caimento e corte.
Estilistas artistas ou artistas estilistas?
Dentre desse universo, o que
podemos destacar é que muitos estilistas já envolvidos com o mercado, que
lançam coleções periodicamente, mantém o hábito de desenhos não tão exatos. É
questão de estilo. A equipe deve estar afiada para interpretar ali a ideia do
criador, e tornar real a obra prima imaginada. Dá só uma olhada:
Nenhum comentário:
Postar um comentário