Um movimento a favor
de artesãos e artistas independentes \o/
A gente começa esse texto com um
fragmento de Ronaldo Fraga: “por trás de cada ponto tem uma história, tem gente, tem um
lugar maravilhoso, um céu de estrelas”. Não é de hoje que defendemos a ideia de
que por trás de cada objeto criado manualmente há muita história. Vemos o
trabalho manual como uma narrativa, um processo de construção e registro de
identidade. Nunca uma peça será igual a outra: ela é recipiente de
subjetividade, reflete pensamentos, angústias, alegrias e esperanças de quem a
cria.
Tomando o Gato como exemplo, a gente
logo vê isso claramente. Desde que criamos o blog, expomos aqui e também em
nossas redes sociais aquilo que produzimos. A foto é de uma peça piloto, ou
seja, a primeira que foi feita. Quando a pessoa gosta, corre logo pra fazer sua
encomenda. É aí que começa o processo. Por ser artesanal, é sempre possível
adaptar. A pessoa escolhe a cor, dimensão, diferentes combinações, de acordo com
seu gosto. Pode fazer com um pouco mais
de laranja? Pode deixar esse cordão mais curtinho? Minha pulseira pode ser mais
larga? Pode. Pode porque ela ainda não existe, ela ainda vai nascer. Quando
a produção começa, os materiais são separados, escolhidos, preparados com
cuidado. As peças são medidas, recortadas, alinhavadas. O bordado surge,
deixando o que era igual, diferente. Trazendo cor, trazendo personalidade. Só
que em meio a tudo isso, há o fator principal: mãos e mentes de quem faz.
Pode existir um padrão: você escolhe determinada peça para encomendar. Só que ela nunca será igual à que você viu. Entra
em cena o momento criativo, as influências externas e internas, os imprevistos.
Pode ser que o ponto de bordado tenha ficado um pouquinho mais apertado, pode
ser que o recorte fique um pouco menor, pode ser que não exista mais aquele
fragmento de tecido. Tantas coisas! Pode ser que se descubra um novo jeito de
fazer. A peça ganha vida própria, como já diria Saramago:
Se
ao cérebro da cabeça lhe ocorreu a ideia de uma pintura, ou música, ou
escultura, ou literatura, ou boneco de barro, o que ele faz é manifestar o
desejo e ficar depois à espera, a ver o que acontece. Só porque despachou uma
ordem às mãos e aos dedos, crê, ou finge crer, que isso era tudo quanto se
necessitava para que o trabalho, após umas quantas operações executadas pelas
extremidades dos braços, aparecesse feito. Nunca teve a curiosidade de se
perguntar por que razão o resultado final dessa manipulação, sempre complexa
até nas suas mais simples expressões, se assemelha tão pouco ao que havia
imaginado antes de dar instruções às mãos. (A caverna, 2000)
E é justamente este o
ponto-chave, é isso que torna uma peça feita à mão tão especial. Em meio ao
padrão hegemônico das criações industriais, você terá um artigo único, precioso, só seu.
Um artigo que foi feito pensando em você.
A gente pensa assim, levando em
conta os dizeres e estudos de grandes nomes como Lina Bo Bardi, Aloísio
Magalhães, Néstor García Canclini, Octavio Paz, Adélia Borges, Ronaldo Fraga.
São eles que já defendiam esse valor do que é produzido de forma artesanal.
E é por tudo isso que a gente
gostou tanto da ideia do movimento “Compro de quem faz”. Um movimento a favor
de artesãos e artistas independentes, que busca incentivar o sustentável e o
local, por meio do apoio às pessoas que amam o que fazem. Abaixo, você pode ler
o manifesto. Se gostar, visite o site, curta
a página!
A gente segue nessa ideia,
acordando toda manhã com ainda mais vontade de buscar inspiração, de buscar
cores e novas formas, sempre contando com o apoio de amigos e clientes. Com vontade de permitir novos significados a partir da
associação de ideias ;)
Nenhum comentário:
Postar um comentário