quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Compro de Quem Faz: o Gato apoia!

 Um movimento a favor de artesãos e artistas independentes \o/

A gente começa esse texto com um fragmento de Ronaldo Fraga: “por trás de cada ponto tem uma história, tem gente, tem um lugar maravilhoso, um céu de estrelas”. Não é de hoje que defendemos a ideia de que por trás de cada objeto criado manualmente há muita história. Vemos o trabalho manual como uma narrativa, um processo de construção e registro de identidade. Nunca uma peça será igual a outra: ela é recipiente de subjetividade, reflete pensamentos, angústias, alegrias e esperanças de quem a cria.

Tomando o Gato como exemplo, a gente logo vê isso claramente. Desde que criamos o blog, expomos aqui e também em nossas redes sociais aquilo que produzimos. A foto é de uma peça piloto, ou seja, a primeira que foi feita. Quando a pessoa gosta, corre logo pra fazer sua encomenda. É aí que começa o processo. Por ser artesanal, é sempre possível adaptar. A pessoa escolhe a cor, dimensão, diferentes combinações, de acordo com seu gosto. Pode fazer com um pouco mais de laranja? Pode deixar esse cordão mais curtinho? Minha pulseira pode ser mais larga? Pode. Pode porque ela ainda não existe, ela ainda vai nascer. Quando a produção começa, os materiais são separados, escolhidos, preparados com cuidado. As peças são medidas, recortadas, alinhavadas. O bordado surge, deixando o que era igual, diferente. Trazendo cor, trazendo personalidade. Só que em meio a tudo isso, há o fator principal: mãos e mentes de quem faz.


Pode existir um padrão: você escolhe determinada peça para encomendar. Só que ela nunca será igual à que você viu. Entra em cena o momento criativo, as influências externas e internas, os imprevistos. Pode ser que o ponto de bordado tenha ficado um pouquinho mais apertado, pode ser que o recorte fique um pouco menor, pode ser que não exista mais aquele fragmento de tecido. Tantas coisas! Pode ser que se descubra um novo jeito de fazer. A peça ganha vida própria, como já diria Saramago:

Se ao cérebro da cabeça lhe ocorreu a ideia de uma pintura, ou música, ou escultura, ou literatura, ou boneco de barro, o que ele faz é manifestar o desejo e ficar depois à espera, a ver o que acontece. Só porque despachou uma ordem às mãos e aos dedos, crê, ou finge crer, que isso era tudo quanto se necessitava para que o trabalho, após umas quantas operações executadas pelas extremidades dos braços, aparecesse feito. Nunca teve a curiosidade de se perguntar por que razão o resultado final dessa manipulação, sempre complexa até nas suas mais simples expressões, se assemelha tão pouco ao que havia imaginado antes de dar instruções às mãos. (A caverna, 2000)

E é justamente este o ponto-chave, é isso que torna uma peça feita à mão tão especial. Em meio ao padrão hegemônico das criações industriais, você terá um artigo único, precioso, só seu. Um artigo que foi feito pensando em você.

A gente pensa assim, levando em conta os dizeres e estudos de grandes nomes como Lina Bo Bardi, Aloísio Magalhães, Néstor García Canclini, Octavio Paz, Adélia Borges, Ronaldo Fraga. São eles que já defendiam esse valor do que é produzido de forma artesanal.

E é por tudo isso que a gente gostou tanto da ideia do movimento “Compro de quem faz”. Um movimento a favor de artesãos e artistas independentes, que busca incentivar o sustentável e o local, por meio do apoio às pessoas que amam o que fazem. Abaixo, você pode ler o manifesto. Se gostar, visite o site, curta a página!


A gente segue nessa ideia, acordando toda manhã com ainda mais vontade de buscar inspiração, de buscar cores e novas formas, sempre contando com o apoio de amigos e clientes. Com vontade de permitir novos significados a partir da associação de ideias ;)




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